O DNOCS e a Seca

Por Evandro Bezerra

Na luta contra as disparidades regionais entre o Nordeste brasileiro e o Centro-Sul do País, destacamos a presença em nossa região de duas instituições com projetos de infra-estrutura imprescindíveis à sua integração física e ao seu desenvolvimento socioeconômico: o Dnocs e a Chesf.

A primeira quase centenária, fazenda água, e a segunda, cinqüentenária, aproveitando a água, recurso natural, existente no Rio São Francisco, gerando energia, facilitando a implantação e operação de indústrias regionais.

Ao Dnocs lhe foi reservado a árdua tarefa de empreendimentos de convivência com a seca, fenômeno que faz o semi-árido nordestino apresentar o mais grave problema quanto a segurança nacional devido à agressão meteorológica com deficiência hídrica abalando a sua estrutura social, mesmo sendo seus valores humanos grandiosos. Ao lado da inabalável iniciativa da construção de reservatórios plurianuais, o Dnocs no seu nascedouro já desbravava o sertão nordestino com a abertura de estradas e a construção de ferrovias em busca do desenvolvimento e da construção de açudes para atender as primeiras necessidades da vida.

Além de estudar a meteorologia, geologia, topografia, hidrologia, pluviometria e desenvolver programas de conservação de florestas com ênfase à vegetação da caatinga.

Foi com a criação do Dnocs – Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, praticamente a primeira repartição pública regional, que se realizaram a drenagem de vales úmidos, o desenvolvimento da piscicultura e a perfuração de poços. Essas ações eram sempre atropeladas pela escassez de recursos financeiros em virtude da hegemonia de poder dos políticos do Centro-Sul do País da “república do café com leite”, na qual a cada paulista sucedia um mineiro na Presidência da República, onde os interesses pelo desenvolvimento da região Nordeste só mereceram destaque especial com o advento do governo Epitácio Pessoa, político nordestino, que com o decreto 13.687 destinou vultosas verbas à Ifocs – Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas, detendo a partir daí a responsabilidade pela construção da grande açudagem, seqüenciada por quilômetros de canais de irrigação, 212 quilômetros de ferrovias, 7.136 quilômetros de rodovias entregues ao tráfego pelo Departamento das Secas. Estas iniciativas, de 1909 até 1932, atenuavam de qualquer maneira os efeitos das secas e a integração entre Estados regionais com uma população relativamente pequena, mas sempre em ritmo de crescimento.

Fonte: Opinião – Diário do Nordeste