DNOCS e a Irrigação

Por Evandro Bezerra

É fato notório que as antigas civilizações tiveram suas origens em regiões áridas onde a produção de alimentos só era possível graças ao emprego da técnica agronômica da irrigação, que o nascimento desta data de tempos remotos e sua história se confunde com o desenvolvimento agrícola e a prosperidade econômica de alguns povos.

Nos dias atuais mais da metade da população do globo produz alimentos através da prática da irrigação.

No Nordeste brasileiro este artifício de técnica agronômica foi usado pelo herói da Guerra de Canudos, Antônio Conselheiro, no vale do Vaza Barris, na Bahia, e pelo beato José Lourenço no Sítio Caldeirão, no Cariri cearense, de modo rudimentar. Provando ser esta atividade essencial à região Nordeste e atualmente considerada política de aceleração à produção de alimentos, problema maior do País, o Dnocs se destaca como pioneiro da grande irrigação com o advento do Projeto Morada Nova com uma área de 3.611 ha e área irrigável de 7.444 ha superando o Estado do Rio Grande do Sul cuja área irrigada em 1966 era de 1.800 ha. Foi assim quem primeiro promoveu reforma agrária no Brasil, irrigação com colonização. Reformulando o seu pensamento irrigacionista está obtendo sucesso com a implantação de lotes empresariais onde a fruticultura irrigada exporta os seus produtos para o exterior proporcionando divisas para a nossa região. Na esteira da concepção irrigacionista, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, quase centenário, criou o Iajat – Instituto Agronômico José Augusto Trindade, primeira instituição de pesquisa no ramo nascido no Brasil, na zona semi-árida, no coração da caatinga nordestina, que teve vida ativa de 30 anos, 1940-1970, reativado em 1984, reiniciando suas atividades na pesquisa e recuperação de solos salinos voltados para a irrigação e na promoção e difusão tecnológica desta.

Com o surgimento do Iajat foram realizados estudos de solos para irrigação em vários açudes construídos pelo Dnocs, como em São Gonçalo, Arco Verde e Pilões, na Paraíba, General Sampaio, Ayres de Sousa, Choró, Lima Campos, Santo Antônio de Russas, Cedro, e Baixo Jaguaribe, no Ceará, e Baixo Açu, no Rio Grande do Norte.

Hoje, o Dnocs, além de 27 projetos de irrigação espalhados pelo semi-árido nordestino, ampliou o seu raio de ação na irrigação nesta sub-região nordestina e fora da mesma, indo até o Estado do Piauí com os perímetros irrigados Platôs de Guadalupe 3.197 ha, Tabuleiros Litorâneos 2.580 ha, e no Maranhão, com os perímetros irrigados de Tabuleiros de São Bernardo, 5.592 ha e Várzea das Flores 1.720 ha, com uma área irrigada de quase 80.000 ha no seu total.

As críticas dirigidas ao vetusto Departamento das Secas com relação à irrigação, de processo demorado, são improcedentes, uma vez que um projeto de irrigação requer várias etapas desde os estudos básicos até a sua implantação e operação, principalmente, em se tratando de grandes áreas irrigadas.

Fonte: Opinião – Diário do Nordeste