Verdades sejam ditas

Por Cássio Borges

Os três últimos artigos que publiquei neste jornal tiveram como objetivo principal mostrar o real significado Projeto da Integração da Bacia do Rio São Francisco com as Bacias do Nordeste Setentrional. Comentei em um deles que havia me causado surpresa e até indignação o que tinha lido na Folha de São Paulo que se estava cogitando criar uma entidade federal para gerir o referido projeto e já admitindo a hipótese da contratação de uma empresa privada para fazer monitoramento, manutenção e operação do mesmo. Mostrei nos artigos que tal pretensão seria um absurdo. Primeiro porque para esta finalidade já existe o Dnocs com a sua extraordinária infraestrutura hídrica e administrativa espalhada por todo o Nordeste, além de possuir larga experiência no assunto. Segundo, esse novo organismo federal somente virá onerar, em muito, o custo da água a ser transposta.

Acho que a ideia da criação deste novo organismo federal na região nordestina não deve ter partido de alguém que tenha participado de todas as fases das discussões em torno da viabilidade técnica, econômica e social desse empreendimento, cuja finalidade principal é a de garantir o abastecimento humano e animal em épocas de crises climáticas (trem de anos secos) que possam comprometer o suprimento de água para as populações através dos açudes construídos pelo Dnocs.

É claro que dentro desta filosofia do projeto, existe a questão da sinergia hídrica que possibilitará a utilização de um volume maior e mais efetivo das águas armazenadas nos açudes da Região sem aquela preocupação que tinha o Dnocs dos mesmos esgotarem as suas reservas estratégicas que ocasionariam catastróficas consequências às condições de vida das populações afetadas.

É como já disse: “esse projeto somente será acionado em ocasiões excepcionais, não se justificando a criação de uma entidade específica para a sua eventual operação/gestão”.

Fonte: Jornal O Povo