Água composto para vida

Por Geraldo Pereira da Costa

Gostaria de fazer aqui uma discussão, que, em regra geral, tem algo a ver com a atualidade, quando se pretende defender a sobrevivência humana.

As pessoas entendidas no assunto sabem, muito bem, avaliarem o que se quer dizer da água potável, como elemento vital, ou melhor, como um bem insubstituível, e que sem ele não haverá existência humana na terra.

Baseando-nos em dados recentemente fornecidos pela ONU (Organização das Nações Unidas), nos deparamos com uma situação drástica quando a mesma organização coloca em xeque a condição de sobrevivência humana a partir do ano 2100, quando a água potável entrará num colapso total, se não houver um controle racional, e uma economia sem precedente, desse líquido precioso, por parte da humanidade. Brincam com a questão da água, como se brincam de fazer pipas de papel.

Não basta apenas a preocupação de poucos, em detrimento de muitos que ainda não sabem o que isso significa. O futuro está esperando por este presente, que, sem sombra de dúvida, ele implora, esperando que os de agora alcance esse amanhã. Um mundo gigante, cheio de gigantes, ignorantes, enclausurados numa redoma do inconsciente. Pensando que viver é só atravessar o pequeno espaço do tempo que lhe resta, sem se preocupar com a continuidade dos outros que virão. Um verdadeiro clamor para os que têm sentimento, e apenas uma mensagem tola para os que não têm  consciência.

O mundo está fadado a se encontrar com a verdadeira miséria humana, se esta ainda sobreviver, depois do colapso à que está posto. Não haverá mais tempo para brincadeiras; não haverá mais tempo para “o fazer de conta”. O tratado é agora ou nunca mais. Ou nos apercebermos de que vale a pena conhecer a verdade e praticá-la, ou deixar-nos sufocar pela ignorância. Acredito que, morrer de sede, seja pior do que morrer de fome. Sabemos que a fome, antes de matar, sacrifica. A sede, além de sacrificar, estorrica, o faz tonto, faz arder o estômago, a pele queima, resseca, para depois vir à morte.

Quando estamos a participar de quaisquer eventos, levantamos sempre a discussão de que a gestão pública tem que preservar conquistas e estender direitos, na obediência ao conceito de que os trabalhadores, que são os que produzem, precisam sobreviver para dar a vida à sua família e ajudar a constituir bens para a sociedade. No entanto, não se preocupam de levar para a discussão o fato de que sem água não haverá sobreviventes. Daí, de que adiantará a existência de várias instituições defensoras do povo, sem que existam as pessoas formadoras delas.

Precisamos lutar acima de qualquer situação, visando sensibilizar a sociedade inteira, de que não existem fábricas de água potável. Ela é um produto da natureza, que há muito tempo vem servindo de um “brinquedo” no universo da vida humana. Mantê-la de forma degradante é um tratado ingênuo de pessoa que não têm o mínimo de estudo sobre isso.

A transposição das águas do Rio São Francisco para o Nordeste Setentrional, é uma ação necessária e urgente, não só como forma de suprir as necessidades da população, considerando o problema da estiagem, mas, sobretudo, para oferecer água de boa qualidade para as pessoas e animais. Dentro da discussão da água potável, nasce outra discussão que é a questão desumana como vem vivendo o nosso sertanejo, em todo o sertão nordestino, onde não se encontra mais água de qualidade para se beber.

Se o mundo clama, junto com ele, clama o Brasil. Se o Brasil clama, junto com ele clama o Nordeste. Se o Nordeste clama, junto com ele, clamam os nordestinos.

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