A seca: Comparação entre Israel e o nordeste brasileiro
Evandro Bezerra
Engenheiro Agrônomo
Diretor de Administração da ASSECAS
evandrobezerra430@gmail.com
O Nordeste semiárido brasileiro chegou em 2018 com 7 anos consecutivos de seca, caso inédito em nossa região.
Virou um modismo a comparação do Nordeste brasileiro com o Estado de Israel, mas muita gente acredita que deveríamos fazer aqui o que se faz lá, quando na realidade nem tudo o que se faz lá não se pode fazer aqui. Por que?
O nordeste brasileiro é a região semiárida mais habitada do planeta: 25.000,000 de habitantes. Israel a população é menor do que a do Estado do Ceará, que é de aproximadamente 9.500,000 habitantes.
A superfície geográfica da região Nordeste é de quase 1.000,000 km2. Israel é do tamanho de Sergipe, o menor Estado do Brasil.
Israel é temperado, o Nordeste brasileiro é equatorial semiárido.
Em Israel a transpiração é muito menor. E a evaporação também. Por isso, o semiárido de Israel e Estados Unidos perdem apenas 45% das chuvas caídas. O nosso semiárido perde 92% e só aproveita 8% para alimentar nossos rios, açudes, etc.
As regiões semiáridas das zonas temperadas têm 4 instrumentos de água (geada, nevada, granizo e chuva). O nosso semiárido tem apenas um: a chuva.
Israel é sedimentar, apenas 5% é cristalino. O Nordeste 90% é cristalino e não guarda água no solo, apenas em algumas fraturas de rocha. Portanto, o Nordeste semiárido tem uma geologia perversa e quem está resolvendo o problema da água, há mais de um século na nossa região é o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas. Desconhecer essa assertiva é cometer crassa injustiça. Viva o DNOCS.
Finalmente como afirma o grande geógrafo brasileiro Caio Lóssio Botelho não podemos nos valer de “knowhow” de áreas semiáridas temperadas e subtropicais e sim de criar os nossos instrumentos próprios para resolver o problema da seca.