Forma de entender a diferença entre o clima do semiárido equatorial nordestino brasileiro

Evandro Bezerra Engenheiro Agrônomo – Diretor de Ação Social da ASSECAS
evandrobezerra430@gmail.com

DNOCS
1 – Em primeiro lugar o seu acervo monumental de obras realizado ao longo de 110 anos, especialmente aquelas relacionadas aos Recursos hídricos, isto é, sem a presença do DNOCS nesta região, a mesma não existiria, pois a água comanda a vida.
2 – Em segundo lugar o enfrentamento ao problema da seca, que é complexo, fácil de descrever, mas difícil de explicar pelos seguintes motivos, que fazem a região Nordeste ter um clima anômalo.
O Nordeste está localizado na região equatorial da terra na latitude de 0º a 11º N/S e nela não existe seca , sendo esta no Nordeste uma anomalia climática.
A Zona Equatorial só tem uma estação chuvosa com dois máximos de chuvas nos períodos equinociais e, portanto, aqui temos duas estações, a seca e a chuvosa, que são estações climáticas da Zona Tropical, bem definidas. A do Nordeste, ainda, tem um agravante, a estação chuvosa é irregular.
O Nordeste brasileiro é, assim, uma anomalia climática, sendo a única região semiárida na faixa equatorial da terra.
O Nordeste é geograficamente equatorial e climaticamente tropical, explicando melhor:
O Nordeste está localizado na mesma faixa da Amazônia superúmida, Congo, na África, Sumatra, Java, Borneu e Indonésia na Ásia.
A zona tropical está localizada na latitude de 11º a 23º.N/S.
Essa anomalia climática do Nordeste brasileiro ocorre tanto no seu macroclima como no seu mesoclima, e, se não fosse isso, essa região deveria ser a continuação do clima e da ecologia amazônica. Porém tal não acontece, fato que deveria evitar a escassez hídrica. . O seu regime de chuvas deveria ser equatorial dada às suas latitudes equatoriais e, no entanto ele é tropical, daí a semiaridez nordestina. Ainda, porque deveria apresentar um clima regular e, no entanto não é.
E bom saber que o Nordeste apresenta duas frentes para o mar, a do Norte e a do Leste, fato também que evitar a escassez hídrica, o que contribui ainda mais para essa anomalia;
3 – Nesta região o clima astronômico foi profundamente alterado modificado e anomalizado pelos fatores do clima geográfico propiciando um clima físico atípico na faixa equatorial da terra;
4 – Na definição das estações seca e chuvosa do Nordeste brasileiro, além das precipitações pluviométricas e umidade relativa do ar devemos destacar a reduzida amplitude térmica diária, diferente das zonas temperadas, ou das variações de temperatura diárias são acentuadas nos períodos estacionais (inverno e verão);
5 – Na dinâmica climática do estudo da seca no Nordeste acusamos a existência de um fato novo que é a presença de “espasmos” meteorológicos decorrentes do relaxamento e contração involuntária, súbita e violenta de nuvens de temperaturas deferentes, motivadas por choque térmico, de características excepcionais e de previsibilidade difícil.
Por tudo isso que comentamos é que o saudoso Geógrafo Cearense Caio Lóssio Botelho afirmava que no tratamento das secas no semiárido equatorial nordestino, não podemos seguir o modelo das regiões semiáridas das zonas temperadas e devemos incluir os fenômenos geoclimorfológicos, pois a geoclimorfolologia, um dos mais modernos ramos da Geografia transcende aos fatores telúricos e leva em consideração os fatores astronômico como precessão dos equinócios variações excentricidade e da obliqüidade da eclíptica terrestre, manchas solares, radiação solar, influencia das correntes marítimas, etc.
Como ser humano é capax Dei (capaz de Deus) e imago Viva Dei (imagem viva do Criador) foram os técnicos do DNOCS que transformaram a região nordeste aproximando-a da Zona da Mata, a mais chuvosa da região e da mesopotânia do meio-norte, também, bastante rica em água.
Foi o DNOCS ao longo dos seus 110 anos de existência que transformou o Nordeste brasileiro para melhor.
Acreditamos que a proposta para a política de convivência com a seca do Nordeste brasileiro, seria a continuação de metas de açudagem, transposição de bacias superavitárias para bacias deficitárias, a irrigação, a piscicultura e a perfuração de poços, bem como a segurança de barragens, já que algumas elencadas linhas atrás passaram para outras instituições, seria a inclusão do combate à desertificação, fomentando os recursos hídricos, o reflorestamento das matas ciliares, das nascentes dos rios intermitentes e bacias hidráulicas de açudes para barrar o avanço do assoreamento dos reservatórios do Nordeste que hoje é uma realidade. A desertificação, sim, é hoje um grande problema mundial causado pelo aquecimento global. Devemos dar ênfase ao combate à desertificação, pelo desmatamento e queimadas. No Nordeste o seu território ameaçado pela desertificação é de quase 600.000 Km², um terço do total. Igualmente, gostaríamos de esclarecer que a importação de tecnologia de Israel é aplicável à Região Nordestina, haja vista que o DNOCS  já passou por essa experiência nas décadas de 1960 a 1970.