A Construção do açude Tucunduba: uma obra da Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS)
A obra que foi realizada em plena seca de 1915
O quadro Nossas Histórias te leva agora a conhecer um pouco a trajetória da construção do açude Tucunduba, na região norte do Ceará. Construído pela Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS), antiga denominação do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), perpassando pela famosa seca do 15, durante o ano de 1915.
De acordo com estudos de Aline Silva Lima, para a Universidade Federal do Ceará, em 1909, a Comissão de Açudes e Irrigação explorou a vegetação predominantemente sertaneja da região de Serrota, no distrito do então município de Sant’Anna, no norte do Ceará, hoje Santana do Acaraú. Entre carnaúbas, aroeiras, paus-brancos, angicos, paus-d’arcos, umburanas, juremas, cajazeiras, arbustos e capim, foi decidido que o açude Tucunduba seria construído ali. Em 1910, o projeto foi elaborado pela IOCS e as obras começaram em 1912 após a revisão do orçamento.
O local escolhido ficava a 22 km da estação de Pitombeiras, na estrada de ferro de Sobral, e a 24 km do povoado de Riachão, com ligações por estradas de terra a Sant’Anna, a 48 km de distância. A responsabilidade inicial da obra foi do engenheiro Gomes Parente, seguida por Joaquim Palhano e Antônio Zabulon, este último interinamente. Em 13 de maio de 1913, Abelardo Andréa dos Santos assumiu como engenheiro responsável.
As obras iniciaram com a chegada do engenheiro à região, que, com a primeira parcela do orçamento, contratou trabalhadores para abrir caminhos e construir abrigos. Uma casa de alvenaria servia de moradia e escritório para o engenheiro, enquanto um armazém, uma casa de taipa com cinco depósitos, guardava e despachava materiais, funcionando todo o dia após o toque de uma sineta que marcava o início do trabalho.
À medida que o volume de trabalho aumentava, surgiam estruturas que muitas vezes se transformavam em pequenos povoados. A construção do açude durou cerca de cinco anos e coincidiu com a seca de 1915, que modificou aspectos técnicos e relações de trabalho, influenciando as ações da IOCS. Esta seca ficou famosa por suas descrições na literatura, como na obra “O Quinze” de Rachel de Queiroz.
A crise econômica de 1915 levou o governo a eliminar o cargo de inspetor da IOCS, criando a Comissão de Obras Novas Contra as Secas, sob a direção de Aarão Reis. Esta comissão facilitava o repasse direto de recursos para obras emergenciais de combate à seca. Durante este ano, o açude Tucunduba teve suas atividades realizadas de forma inconstante. Ao final de 1915, foi contabilizado o alistamento de 1.000 operários na obra.
A conclusão nos dados oficiais se deu em outubro de 1919 e sua primeira sangria ocorreu em 27 de março de 1930, onde uma lâmina de água de 20 cm lavou o escoadouro pela primeira vez.
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