Água inesgotável


Por Cássio Borges – borgescassio@hotmail.com
Engenheiro civil, especialista em recursos hídricos e barragens

Li no editorial deste jornal do último dia 22 que, em função da estiagem prolongada que atinge o Estado do Ceará, já “se discute a dessalinização da água do mar para o suprimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém e para a Região Metropolitana de Fortaleza”. Gostaria de saber o que a Cogerh fez nestes últimos seis anos com o imenso potencial de água existente na área que abrange a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), incluindo os Açudes Orós e Banabuiú, os quais oferecem uma vazão regularizada de 23 m/s, acrescido de mais 10 m/s do Açude Castanhão, que sangrou pela última vez em 2009. No total, existe disponível na RMF algo em torno de 40 m/s que deveria ter sido administrado criteriosamente pela Cogerh, mas que se preocupou mais em vender a água, de forma indiscriminada, do que racionalizar o seu uso. Para se ter uma ideia, o Sistema Cantareira, em São Paulo, tem uma vazão de 50 m/s para atender uma população de 10 milhões de pessoas. Pergunto: como a Cogerh, em seis anos, conseguiu esgotar 18 bilhões de m de água acumulada no Ceará, no ano de 2009, quando todos os açudes estavam cheios? Para a Secretaria de Recursos Hídricos e a Cogerh, o Açude Castanhão teria uma vazão regularizada de 30 m/s . Em função disto, era voz corrente que o Ceará tinha água abundante e inesgotável. Estes quatro anos de seca mostrou exatamente o contrário. Todos nós estávamos enganados ou fomos enganados. Agora se diz que o referido açude só dispõe, de apenas 10 m/s, inferior a do Orós que é de 12 m/s, apesar deste ser 2,5 vezes menor do que aquele.

Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/opiniao/coluna/ideias-1.205/materia-1.1305806

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