Amazônia: rumo ao futuro do Brasil

Por Cássio Borges

No dia 16 de abril, escrevi um artigo no Jornal do Brasil Digital (www.brasilwiki.com.br), na seção de Economia, sobre a Usina de Belo Monte, que o governo brasileiro pretende construir no Rio Xingu, Estado do Pará. Referido artigo foi encaminhado para publicação no JB Wiki pelo repórter, economista e engenheiro, Didymo Borges, que o denominou de Belo Monte: um passo rumo ao futuro do Brasil. Pelo número de leitores que o tem acessado (2.026 até esta data), acredito tenha o mesmo obtido repercussão nos meios técnicos e científicos.

Sobre o referido artigo recebi dezenas de e-mails, alguns deles contrários à construção desse empreendimento. Como técnico em recursos hídricos, já tendo participado das discussões em torno da construção de duas barragens no Nordeste brasileiro, a de Boa Esperança, no Rio Parnaíba, entre os Estados do Maranhão e Piauí (década de 60), e a do Castanhão (décadas de 80 e 90), no Estado do Ceará, sem querer parecer ser “revolucionário”, pretendo empunhar esta bandeira que, em última análise, representa a defesa de uma das mais ricas e promissoras regiões do nosso País.

Um dos e-mails que recebi contrários à construção de Belo Monte foi de uma organização estrangeira denominada Avaaz, em carta aberta aos “Caros amigos brasileiros”, conclamando “um número suficiente de brasileiros se manifestarem, junto a presidente Dilma Rousseff, pedindo para ela salvar a Amazônia”.

Um dos argumentos apresentados como justificativa do manifesto da entidade, que tem “sede em 13 países”, é que Belo Monte irá destruir 400 mil acres (medida internacional) da Floresta Tropical. Convertendo-se “acres” em medida de superfície usual no Brasil, vamos ter 1.618 km2. Na realidade, Belo Monte irá atingir tão somente 516 km2, dos quais 200 km2, já são inundados pelas cheias normais do Rio Xingu. Afinal, o que representa 316 km2 na imensidão da Floresta Amazônica, de 6,5 milhões de km2?

Se as vozes que vêm do estrangeiro estão falando para nós brasileiros, que usem o nosso sistema métrico para melhor entendimento do nosso povo. Na cabeça das pessoas desavisadas, 400 mil acres, numa leitura dinâmica na internet, é muito maior do que 1.618 km2 (convertidos em medida de superfície usual no Brasil) e, logicamente, do que 516 km2, que é o caso, de Belo Monte. O leitor deve ter percebido a maneira sub-reptícia, matreira, de manipular a opinião pública. Toda obra de engenharia tem impactos, maiores ou menores, dependendo do seu porte.

Sobre o uso inadequado da medida de superfície “acres” para designar a área a ser inundada pela Usina de Belo Monte, destaco a matéria publicada na Revista do Meio Ambiente do Brasil, patrocinada pela Petrobras e Banco do Brasil, nº 37, em junho (por sinal, excelente), intitulada Ibama Libera Licença de Belo Monte. Por descuido dos seus editores, consideraram “acres” como se fossem “hectares”, afirmando que Belo Monte vai “inundar 400 mil hectares”, ou seja, 4 mil km2. Um erro inominável. Isto revela que os seus opositores precisam estar mais conscientes do que seja esta obra.

Fonte: Jornal O Povo