Estágio para pobre
Por Edilton Saldanha
Bacharel em Comunicação Social, Jornalista e pós-graduado/Especialista em Assessoria de Comunicação | francisco.edilton@dnocs.gov.br
Tramita na Câmara dos Deputados (CD), projeto de lei que modifica a Lei nº 11.788/08, do estágio, em vigor e que dispensa a promoção de concurso público, para preenchimento de vagas de estágio nas instituições públicas.
O Documento foi aprovado, no último dia 15/7, na Comissão de Educação da CD, e obriga a realização do referido concurso para seleção de estagiários.
Com isso, os estudantes “pobres”, da periferia, que não possuem tráfico de influência, dentro dos órgãos públicos, poderão ter acesso a uma vaga.
Hoje, para um estudante, quer seja de nível técnico (médio), ou superior, para se candidatar a uma das vagas disponível em determinada instituição, basta fazer seu cadastro em uma das empresas que possuem banco de reserva de estagiários, e que mantêm convênio com as repartições públicas, e com a indicação de um parente próximo, e geralmente servidor dessa instituição, consegue ser puxado para dentro dessa vaga sem, praticamente, nenhum critério de seleção.
Quem tiver interesse em comprovar o que estou escrevendo, basta se dirigir a um estagiário de repartições públicas e perguntar: Como você conseguiu entrar como estagiário? Quem te indicou? Basta isso, para de imediato obter a resposta – foi minha tia, minha prima, minha madrinha…
Como não suficiente essa traição, e supressão de direitos cometidas em desfavor dos verdadeiros estudantes, da periferia, que na maioria das vezes necessitam além do estágio, precisam muito mais do dinheiro pago como ‘bolsa’, os estagiários que ingressam apadrinhados não possuem nenhum interesse em aprender, não executam nada nos seus locais de estágios. Para afrontar, mais ainda, à Lei de Estágio, são lotados em setores que não têm nenhum relacionamento com a sua grade curricular de estudo (curso), além do mais utilizam o tempo todo fones de ouvido possantes, quando não navegam no Whatsap, ou na Internet.
Não é admissível que um estudante universitário, de nível superior, da área de agronomia ser lotado na área administrativa, ou de engenharia civil. Esse aprendiz jamais vai poder aplicar seus conhecimentos, adquiridos na universidade, aos trabalhos de rotina da repartição. O que se ver é o dinheiro público, pago pelos brasileiros com muito suor, ser jogado pelo ‘ralo’.
Vamos esperar que esse projeto de lei venha ser aprovado na sua totalidade, o mais breve possível e assim, os estudantes menos aquinhoados venham ter a oportunidade de pelo menos concorrer, no campo do conhecimento, as vagas para estágios disponibilizadas pelo setor público.
Fonte: http://www.oestadoce.com.br/noticia/estagio-para-pobre