Estudando a Seca do Nordeste I


Por Evandro Bezerra

Engenheiro Agrônomo – Diretor de Ação Social da ASSECAS

Examinando o Mapa Mundi com relação ao clima nos deparamos com quatro zonas climáticas da Terra, onde o Nordeste brasileiro é geograficamente Equatorial e climaticamente Tropical. Assim a nossa região Nordeste deveria ser também climaticamente Equatorial como a Amazônia superúmida onde chove quase 3000ml anuais e teria uma única estação, a chuvosa, com duas máximas de chuvas nos períodos equinociais onde a característica primordial é a regular distribuição de chuva no tempo e no espaço. O Nordeste brasileiro está situado, portanto, na Zona Equatorial da Terra, mas o seu clima é de Zona Tropical com duas estações, uma seca e outra chuvosa, onde o aspecto predominante nesta Zona é a irregularidade das chuvas.

Perlustrando os ensinamentos de Caio Lóssio Botelho, geógrafo, o Nordeste brasileiro é, então, a única região semiárida na faixa Equatorial do Planeta explicando que aqui o clima astronômico foi alterado, modificado, e anomalizado pelos fatores físicos do clima geográfico determinando um clima físico atípico na faixa Equatorial da Terra. Para que o leitor possa melhor se situar é evidente tomar conhecimento que temos três tipos de clima: astronômico, geográfico e ecológico.

Esta seria a primeira explicação para entender a questão do clima no Nordeste que tem três subregiões: uma úmida, uma subúmida e outra semiárida.

Outra vertente seria as variações climáticas seguidas das ações das correntes marítimas tanto do Oceano Pacífico como do Oceano Atlântico sendo essas determinantes em quanto às do Pacífico como o El Niño são condicionantes. E virou modismo, por ser muito estudado, considerar o El Niño como responsável pela seca no Nordeste brasileiro.

O El Niño é uma corrente marítima aquecida pelo súbito aumento da temperatura no Oceano Pacífico, nas águas do Peru, provocando uma alteração nas rotas das chuvas daquele país e o surgimento de outro fenômeno chamado Jet-Stream. É esse fenômeno que quando acompanha o El Niño provoca a seca no Nordeste. Nem sempre o fenômeno El Niño vem acompanhado do Jet-Stream. Este é uma corrente de ventos quentes que normalmente se situa a 10 km de altitude com uma velocidade de 200 km/h, que sopra no sentido oeste-leste, transpõe a Cordilheira dos Andes atingindo o Brasil, ocasionando fortes inundações nas regiões Sul e Sudeste, impedindo que as frentes frias cheguem às baixas latitudes equatoriais onde está situado o Nordeste brasileiro.

O El Niño é, entre outras teorias de sua origem, resultante da interação de acontecimentos físicos entre o oceano e a atmosfera no Pacífico Equatorial Oriental que ocorre com intervalos irregulares de 2 até 10 anos.

Para muitos estudiosos da climatologia nordestina as correntes marítimas do continente Sul-Americano tem muito mais haver com a nossa quadra chuvosa e seca do que a corrente marítima do El Niño no Pacífico, o maior oceano do Planeta. São elas Malvinas, Benguela, correntes frias, das Guianas, do Brasil ou do Rio de Janeiro, correntes quentes. Quando o Atlântico Sul está sob a influência das correntes marítimas das Malvinas e de Benguela acontece a seca no Nordeste, e quando o Atlântico Sul sofre as ações das correntes quentes das Guianas ou do Brasil acontecem as chuvas no Nordeste porque essas correntes consomem muita energia solar.

Outros elementos indicadores da quadra estacional nordestina direta e indiretamente contribuem para a ocorrência das secas e chuvas como um fenômeno novo que hoje tem se destacado que é a diminuição da eclíptica terrestre que tem ocasionado as secas em outras regiões do Brasil e do mundo.

Fonte: Jornal O Estado