Mares do Sertão

Por Cássio Borges

A magnífica reportagem, publicada em caderno especial por este jornal, constante de 16 páginas, no último dia 30, sem sombra de dúvida, propiciou à comunidade técnico-científica e para a população em geral excelente oportunidade para vários tipos de reflexões em torno da problemática hídrica do nosso Estado. Uma delas, refere-se à atuação do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas-Dnocs, citado em várias e inumeráveis ocasiões. Em busca da verdade, e em função dela, a equipe que elaborou a matéria em causa, acabou por resgatar a imagem daquele valoroso (e mal compreendido) organismo federal que atua em toda a região nordestina.

Para àqueles que, injustamente afirmam que os açudes do Dnocs só favorecia os ricos, transcrevo o seguinte trecho (página 6) sobre o açude Orós: … “Tem ilhas também de morar famílias pobres. Mas se não fosse o Orós do presidente Juscelino (Kubitschek) não existia rico nem pobre. Não tinha nada, nem cidade”, avalia e profetiza o barraqueiro Pedro da Silva”. E continua: “Ele, a exemplo dos habitantes do semi-árido, é um dos que usam o açude para sustentar a mulher e dois filhos adultos”.

Tenho a pretensão de conhecer suficientemente a história do Dnocs mas, confesso, nunca ouvi ou li qualquer referência sobre óbitos ocorridos por ocasião da construção do açude Araras, atual Paulo Sarasate.

Vi nos arredores de Sobral gado morrer de sede e de fome, o que hoje não seria mais possível após a perenização propiciada pelo açude Araras em mais de 100 quilômetros do rio Acaraú.

Na TV O POVO, um dos repórteres disse que o Dnocs “construiu açudes em propriedade de particulares”. Esclareço: o que existia era um programa (vitorioso) desde os primórdios do Dnocs, no ano de 1909, que construía açudes em sistema de cooperação com o setor privado.

Fonte: Opinião – Jornal O Povo