O Dnocs e o nordeste brasileiro

Por Geraldo Pereira da Costa

“A peculiar condição climática do Nordeste brasileiro, sobretudo a da zona semiárida, estabeleceu, nesta vasta área de caatingas, uma civilização em constante luta pela sobrevivência, buscando transpor os obstáculos em busca de uma vida melhor. Quando em 1909 foi criada a Inspetoria de Obras Contra as Secas, o que se vislumbrava era uma débil economia sob a tutela do coronelismo oligarca, a extrema pobreza do sertanejo assolado pelas disparidades climáticas, um regime desigual das chuvas durante o ano e a escassez da água, fatores esses que causavam uma grande vulnerabilidade no seio das populações que habitavam a região.

O flagelo antecedia a fome, que antecedia a morte. O precário processo de desenvolvimento econômico, político e social, aliado a falta de atendimento às doenças adquiridas e a impraticidade dos caminhos, foram fatores que contribuíram severamente para incrementar essas situações de penúria.

No cenário, a Inspetoria surgiu, elegendo o homem como objeto central de seu trabalho, inicialmente, numa fase paternalista como o braço maior da intervenção federal no Nordeste e posteriormente em bases mais científicas, trazendo, para a região, capacitados técnicos e cientistas de diversas áreas, que, através de seu trabalho, modernizaram os instrumentos de combate ao flagelo, com o estabelecimento de infraestrutura conveniente à ação do poder público.

Os benefícios científicos advindos da intervenção do DNOCS na região, mudaram a formação da mentalidade do homem que se inseriu neste contexto de permanente luta, iniciando-se, a partir daí, um processo lento, porém progressivo, de resistência aos efeitos das intempéries. Graças ao trabalho do DNOCS antes IOCS e posteriormente IFOCS foram se descortinando nos sertões semiárido, as estradas, os açudes, as linhas de transmissão de energia, os sistemas de abastecimento de água. Em tempos mais recentes, a irrigação e a introdução e incremento de espécies féculas, oferecendo, a esse homem, outras opções alimentares.

O homem, transformando-se em cidadão, em decorrência do trabalho da instituição. O homem não mais apenas como figura incluída na paisagem árida do nordeste, mas sujeito das mudanças, da escolha de alternativas mais viáveis. A instituição, como fator de planejamento e da operacionalidade dessas mudanças. Assim, o homem e o DNOCS, ao longo dos 104 anos, atuando em conjunto no semiárido, vão transformando a inércia dos tempos mais remotos em opção de vidas melhores.

Foi e é assim que, nós, funcionários do DNOCS, vemos a ação do órgão no Nordeste. Uma ação que objetiva oferecer ao homem as condições básicas para que ele desenvolva seu lado empreendedor e busque dar vida a força para conseguir uma sobrevivência com dignidade.

O homem e o DNOCS, o sujeito e o agente das transformações, que marcam a região, nesse período de 104 anos de atividades. Um tratado que deve ser comemorado por todos aqueles, que, de alguma forma, acreditam, na viabilidade do Nordeste e de seu povo”.

Dentro desse princípio básico de atividades que este órgão desenvolve no Nordeste, não dá para assimilar esta região; o nordestino abnegado ao seu trabalho e o próprio sertanejo, sem que antes se vislumbre o DNOCS no seu contexto de vida.

Terminamos, por dizer, que ninguém, em sã consciência, sabendo que o DNOCS lhe oferece condições de vida dentro da região, abandonará o seu rincão nordestino, para partir em busca de aventuras, muitas vezes difícil de acontecer, nas regiões do Sul Centro Oeste e Sudeste, que hoje não mais oferecem condições de vida humana e social. Permanecer no Nordeste é acreditar neste Departamento, que, além de gerar água, gera também alimento.

Diríamos, enfim, que o Nordeste não suportaria o extermínio puro e simples deste abnegado órgão, porque aí ele sofreria o sintoma natural do próprio tempo. Neste palco que detém atores vários e comuns apresentando o espetáculo da sobrevivência nordestina, a ASSECAS (ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DO DNOCS) se acha presente, pluralizando opiniões as mais perfeitas possíveis, com o fito de solucionar de vez com os problemas que envolvem o DNOCS. AGORA são 104 anos de experiência e de competência, situação que deve ser aproveitada no atual momento.

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