Seca sem improvisações

Por Cássio Borges

Na enquete promovida por este jornal, no último dia 21/10, cometi um lapso ao dizer que o Departamento de Obras Contra as Secas (Dnocs) “gastou nos seus 98 anos de existência US$ 19 milhões”. Na realidade, foram US$ 19 bilhões, valor equivalente apenas a 38 bilhões de reais, o quádruplo do que foi gasto no ano passado pelo Programa Bolsa Família.

Como disse, aquele Departamento desenvolveu um vigoroso programa de açudagem pública, além dos pequenos açudes construídos em regime de cooperação com estados, municípios e particulares. Esses reservatórios “não só aumentaram a oferta de água, como desenvolveram um importante programa de pesca e piscicultura, criando oportunidades de emprego e alimentos ricos em proteína animal”, beneficiando mais da metade da superfície geográfica do Nordeste.

O programa da Açudagem em Cooperação assemelha-se ao projeto das PPPs – Parcerias Público Privadas do atual Governo Federal. Infelizmente o mesmo foi extinto no Governo de Jânio Quadros. Os radicais o classificaram como uma forma de fortalecer o latifúndio na Região…Claro que, qualquer que tenha sido o motivo o prejuízo depois ficou para o Nordeste…E as conseqüências se refletem ainda hoje na famigerada utilização dos carros-pipa, além dos mais de 2 bilhões de reais gastos, inutilmente, a cada seca.

O combate a desertificação tem que ser considerado para “enfrentar a seca sem improvisações”. E o passo mais importante é, sem dúvida, o fortalecimento do Dnocs.

Fonte: Opinião – Jornal O Povo