Torneiras vazias


Por Cássio Borges – borgescassio@hotmail.com
Engenheiro civil, especialista em recursos hídricos e barragens

 No editorial deste jornal do dia 22/05 último, outro aspecto que me chamou a atenção pelo grande e indispensável significado para a gestão dos recursos hídricos do estado do Ceará, é quanto à vazão (d`água) que a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) consome atualmente. Pelo citado editorial, naturalmente fornecido por fontes oficiais, o consumo atual é de 12,5 metros cúbicos por segundo. Na década de 20, a cidade de Fortaleza era atendida pelo Açude Acarape do Meio, concluído pelo Dnocs no ano de 1924, o qual tinha uma vazão regularizada da ordem de 1 m/s. No ano de 1999, quando escrevi um livro sobre este tema, o consumo era de 6,5 m/s já incluindo as disponibilidades hídricas dos Açudes Pacoti/Riachão e Gavião. Até setembro passado, segundo informações, o consumo da RMF era da ordem de 9m/s, atendido pela ETA Gavião. No pressuposto que o Castanhão tinha uma vazão regularizada de 30m/s, portanto com exuberância e sobra de água, recentemente desfeita, pois é de apenas 10m/s, a Cogerh, há anos, vem comercializando a água sem a mínima preocupação com o provisionamento futuro. Deu outorgas indiscriminadas a particulares ao longo do Canal da Integração superior a 3m/s. Provavelmente, nos 12,5 m/s, acima referidos, está incluído o consumo no referido canal, que não tem nada a ver com a Região Metropolitana de Fortaleza. Resultado: “dinheiro no bolso, torneiras vazias”. Também informo que na planilha de custos, o que a Cagece paga mensalmente à Cogerh, ao lado da energia, representam as maiores despesas na tarifa cobrada pela empresa aos seus usuários.

Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/opiniao/coluna/ideias-1.205/materia-1.1310717