DNOCS – 94 anos pelo Nordeste

Por José Pimentel

O DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) completou 94 anos de atividade no dia 21 de outubro. Com quase um século de existência, é a mais antiga agência governamental na região Nordeste, que desde 1909 trava uma verdadeira luta pela redenção do semi-árido brasileiro.

As obras do DNOCS tornaram possível a vida em grande parte dos sertões e, seguramente, bem mais de um milhão de pessoas vivem hoje em função dos açudes públicos e particulares, através das vazantes, da pesca, da irrigação, dos rios perenizados e dos poços.

Os 300 açudes públicos construídos pelo DNOCS no Polígono das Secas perfazem uma capacidade de acumulação igual a 15,3 bilhões de metros cúbicos.

Foram perfurados mais de 30 mil poços; mais de 600 açudes construídos em cooperação com governos estaduais, o que representa 20 bilhões de metros cúbicos de água; implantados 177 sistemas de abastecimento público de água nas cidades do interior, beneficiando mais de 5 milhões de pessoas; instaladas 8 usinas hidrelétricas de pequeno porte; perenizados mais de 3 mil quilômetros de rios intermitentes, possibilitando a irrigação de 85 mil hectares em projetos públicos e propriedades privadas.

Sua atuação no campo da pesca interior e no fomento à piscicultura nos açudes do Nordeste, através da introdução e aclimatação de espécies oriundas dos rios Parnaíba, Amazonas e, mais recentemente, dos rios Nilo e Congo da África, permitiu o povoamento destes açudes com espécies nobres de que careciam nossos rios, talvez pela sua não perenidade.

Hoje, as 17 mil toneladas anuais de pescado oriundas dos açudes públicos do DNOCS, representam 9,3% da produção nacional de pescado em água doce.

No passado, também foi notável o seu trabalho na implantação de infra-estrutura física em obras rodoviárias, aeroportuárias e de eletrificação rural. Foram 16 mil quilômetros de rodovias e cerca de 800 de linhas de transmissão de energia elétrica, além de 89 campos de pouso. Tudo isso, apesar da exigüidade de recursos recebidos durante estes anos.

Apesar de todo esse trabalho, vê-se que o DNOCS foi vítima de um processo de desmonte. Nos últimos anos, a ausência de vontade política e de recursos tem comprometido a capacidade de planejamento, reciclagem, treinamento e renovação de recursos humanos, deixando esse Departamento à míngua. Não resta dúvida que o DNOCS teve e terá importante papel a cumprir.

A importância do DNOCS não se restringe ao trabalho realizado no passado ou ao atual esforço de sua reestruturação. Os desafios colocados para a região Nordeste e, mesmo, para o Brasil, convocam o DNOCS ao cenário de uma atuação futura e decisiva e lhe asseguram papel de destaque no desenvolvimento econômico e humano do Nordeste e do Brasil, especialmente no que se refere à geração e gestão de nossos recursos hídricos.

Fonte: José Pimentel